Há coisas mais valiosas do que uma foto

Vivemos numa época marcada pelo domínio da imagem. Já se dizia que uma imagem vale mais do mil palavras, mas... será que vale mais do que uma vida?
Não tenho nada contra a fotografia, pelo contrário, gosto muito de uma boa fotografia. No entanto, penso que há por vezes algum exagero, um uso e abuso da imagem fotográfica. Parece que tudo o que fazemos tem de ser validado por fotografias, partilhadas abundantemente no Twitter, no Facebook, no Instagram. Os jovens, em especial, partilham o que fazem,o que comem, onde vão, frequentemente sem grande precaução com a sua privacidade. Arrisca-se a vida para tirar a fotografia mais original, mais fantástica, que vai fazer furor nas redes sociais. Enfim, é problema deles. Mas, e se prejudica outros?
Vem este meu desabafo a propósito de um caso ocorrido num ressort turístico da Argentina, onde um golfinho morreu em consequência do tempo que foi deixado fora de água, exposto ao sol. E porquê? Porque foi passado de mão em mão, para tirar fotografias. Até morrer... 
Poderão dizer-me que não foi de propósito. Também acredito que não! Mas há que ter a sensatez suficiente para perceber que o bem estar de um ser vivo é mais importante do que uma fotografia!


Comentários

  1. Coloquei hoje a notícia no FB. É revoltante, mas a verdade é que a estupidez humana é universal.

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  2. Em minha opinião, vivemos na era (da saturação) da imagem, que, para alguns, como eu, começa a valer menos que a palavra: uma palavra amiga, honesta, serena e sensata ou o gesto próximo (e/ou cúmplice), mesmo que silencioso, ou a leitura saborosa de tantos livros com que nos podemos deleitar e construir como indivíduos e cidadãos. Não que a imagem perca utilidade e importância (será sempre bela a bela pintura ou a boa fotografia, etc.), mas convinha que a não tornássemos num produto tóxico com que as redes sociais nos massacram, com diligente colaboração nossa, necessariamente.
    Um dia destes ouvia alguém elogiar o carácter importante das emissões radiofónicas, porque nos obrigam a dar importância à palavra, à mensagem em si, desligada da imagem ou da figura das pessoas que a emitem. E assim é. De algum modo, também era assim com as histórias que tive o privilégio de ouvir da boca dos meus avós, que as contavam à lareira para os netos que as ouviam de olhos arregalados. Creio que as histórias nos soavam tão interessantes porque cada um de nós as imaginava a seu modo. E, desde então, julgo que pelas mesmas razões, nunca gostei (completamente) de um filme sobre qualquer livro que tivesse lido: porque haveria algum realizador realizador, mesmo que famoso ou genial, de me "impingir" uma Natacha que era sempre inferior em graça, em subtileza e em profundidade à que eu guardava na memória?
    E que sequência de imagens me poderia dar a riqueza fabulosa de um qualquer volume de "Em Busca do Tempo Perdido"?
    Houve, porém, uma excepção relativamente recente: a exibição de um filme sobre "Os Maias", em que, para além de tudo o resto, mesmo tendo sido usados cenários, há um João da Ega absolutamente fenomenal.

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    1. Olá José

      É interessante ter falado nas emissões radiofónicas. Já tinha pensado nisso. A rádio mantém esse encanto da palavra, que nos obriga a imaginar o que não vemos... E continua a ser bem popular, pelo menos nas viagens de automóvel, porque mal chegamos a casa, regressa o império da televisão e do computador...

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  3. Sabes, Teresa, apenas cabeças ôcas !...

    Um beijo a estimar-te muito.

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  4. Pois é, João, Carlos, a estupidez humana às vezes ainda me surpreende!

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  5. Incrível como as 'modas' são tão mal utilizadas pelo mundo afora! Iguais a desse golfinho há casos até de um jovem que foi fazer 'selfie' e se despencou de uma montanha ,algo assim! O povo não tem bom senso de nada _ é uma epidemia alucinante. Será falta do que fazer? ou simplesmente uma forma de exibição também na moda.. rs
    Abraços Teresa
    Acabei me cansando da poluição fotográfica do fecebook rsrs há coisas boas mas há também os 'sem noção' rsrs
    Depois volto _lá a interação e mais rápida - no entanto sinto falta daqui , do silencio da leitura.
    beijos e boa semana

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    1. Eu sinto o mesmo Lis. Gosto do facebook pela interação rápida, porque vou estando em contacto com pessoas que, de outra forma, estariam longe. Mas sinto falta de uma reflexão mais estruturada e acabo sempre por voltar aos blogues.
      Bjs

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