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A mostrar mensagens de fevereiro, 2013

Uma cadeira mealheiro

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Já aqui tenho escrito, muitas vezes, que os portugueses podem ter dificuldades ou falta de competências em muitos domínios, mas nenhum deles é, com certeza, a criatividade e o humor. Prova disso é esta cadeira. Uma cadeira que é também um mealheiro. Uma cadeira que incorpora um serrote: "Serrar em caso de emergência." Uma cadeira anti-crise. Foi concebida por um jovem designer português, Pedro Gomes, que defende que "a criatividade é uma das soluções para a crise." Ele próprio é um exemplo do que é caminhar contra a corrente: numa época em que tantos jovens se vêem obrigados a emigrar, Pedro Gomes voltou a Portugal, depois de trabalhar na Alemanha e nos Estados Unidos da América. Voltou para dinamizar o design nas indústrias portuguesas, para nos fazer repensar os conceitos de crise e de poupança e, acima de tudo, para nos fazer sorrir. O que já é valioso em tempos de crise. Só tenho uma dúvida. Quem precisa de amealhar umas moeditas, terá dinheiro para c

Hora do chá

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Uma vaga de frio polar em Lisboa é sempre uma coisa muito relativa. As temperaturas descem aos cinco ou seis graus durante a noite e atingem uns míseros catorze ou quinze graus a meio do dia. Nada que atrapalhe o resto do país. Mas para os lisboetas, habituados ao seu clima ameno, isto é o suficiente para os fazer enregelar e tremer de frio. E, quando o frio aperta, poucas coisas confortam o corpo e o espírito como um chá. Tomado à lareira ou com uma mantinha pelos joelhos, ou, se nos apetecer ser mais sociáveis, numa das boas casas de chá que Lisboa tem. Há algumas mais tradicionais, como a Bénard, ou a Versailles. Mas há propostas mais modernas e inovadoras. Na Tartine, perto do S. Carlos, os chás gelados casam bem com as tartes e tartines de frutas. No Chá do Carmo, são os chás franceses que acompanham os bolos caseiros. A última casa de chá que visitei foi a Castella do Paulo, junto à Igreja da Conceição Velha. Aí, o ambiente e os chás são japoneses. E, a não perder, os bolo

Peste grisalha?

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Li este artigo   aqui há dias e não me consigo esquecer dele. Pelas piores razões!  A minha primeira reação foi de incredulidade! Alguém escrevia um artigo sobre o nosso problema demográfico mais complicado e ameaçador, o envelhecimento da população. Sim, já todos sabemos que ele existe, há que tomar consciência e tomar medidas. Há algumas conhecidas, chamam-se políticas natalistas! Mas todos concordamos que é um problema de difícil resolução, comum a todos os países ditos desenvolvidos. O que, no entanto, não me parece nada adequada é a forma da abordagem. A começar pela linguagem, que é um veículo delicado. A escolha das palavras não é inocente, pressupõe uma determinada atitude. E, quando se utilizam palavras como "peste", "contaminada", "tragédia", parece que se considera o aumento da esperança média de vida como uma gripe, ou um problema de saúde pública. Nas culturas ditas pouco desenvolvidas, os anciãos são respeitados e venerados, como uma

Um cacilheiro em Veneza

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Quem mais poderia ter esta ideia, de colocar um cacilheiro no coração da mais aristocrática sede de um império marítimo, senão a nossa Joana Vasconcelos? O cacilheiro é o Trafaria Praia e vai funcionar como "pavilhão flutuante" de Portugal na 55.ª Bienal de Artes Plásticas de Veneza. Neste momento está desativado e a sofrer obras de adaptação no Seixal. Uma das obras que se poderá apreciar, no seu interior, será um painel de azulejos que mostra Lisboa a partir do rio. Haverá também um palco, onde se poderão realizar debates, concertos, exposições. O nosso cacilheiro será rebocado por um cargueiro até Veneza, onde estacionará na zona mais nobre da cidade. Daí, efetuará pequenos percursos, um deles até ao Lido, onde se realiza o Festival de Cinema de Veneza. Poderão dizer o que quiserem de Joana Vasconcelos, gostar ou não dos seus trabalhos, mas numa coisa temos de lhe render homenagem: é uma artista original, com ideias diferentes, arrojadas. Tive o meu primeiro contacto

Uma questão de imagem

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Aqui há dias, conversava com uma amiga acerca de uma nossa conhecida, "rapariga" do nosso tempo, que viu o marido sair de casa, trocando-a por outra com metade da idade, de formas mais firmes e generosas.  Palavra puxa palavra, lembrámo-nos de uma colega da Faculdade. Namorava com um rapaz que sofreu um desastre de automóvel, ficando com uma perna esmagada e uma prótese para o resto da vida. A nossa colega aguentou o choque, os anos de fisioterapia, e ainda os comentários malévolos de muitas colegas, que se referiam depreciativamente ao facto de ela namorar com um deficiente. Hoje, ela tem um casamento feliz, já com muitos anos de vida. E as outras colegas, que valorizavam a imagem em detrimento do ser e dos sentimentos? Não sei, talvez tenham casado com rapazes iguais a elas. Chegadas aos cinquenta, quando as rugas e as gordurinhas teimam em se instalar, talvez tenham sido trocadas por outras mais jovens, de imagem mais atraente. E depois queixam-se!

As mulheres no cinema

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Entra o mês de Fevereiro e começamos a falar ainda mais de cinema. Os Óscares estão aí à porta e ouvem-se apostas e defesas ou ataques a este ou àquele filme, a esta interpretação ou àquela banda sonora. Gosto muito de cinema, mas não me vou meter em dissertações destas. O que eu li, e realmente achei interessante, foram as conclusões de um estudo levado a cabo pelo Centro para os Estudos de Mulheres na Televisão e no Cinema (que eu nem sabia que existia!). Segundo esta pesquisa, as mulheres representam apenas 18% num universo de realizadores, produtores executivos, argumentistas, cineastas e editores. Em Hollywood, dos 250 filmes mais lucrativos em 2012, só 9% foram realizados por mulheres. Segundo a mesma pesquisa, surge um maior número de mulheres na produção de documentários, animações, ou então no cinema independente. Puxei pela cabeça e, realmente, só me lembrei dos nomes de Kathryn Bigelow e de Sofia Copolla, a assinarem filmes de sucesso. Sou capaz de enumerar imensos real