Eleições e cupcakes

Se bem me apercebi, houve hoje milhares de pessoas que tiveram dificuldades em saber o seu número de eleitor e, portanto, conhecer a sua mesa de voto. Na verdade, confesso que, por mim, não estava muito preocupada. Há trinta e três anos que sou eleitora, e uma eleitora assídua e responsável. Nunca falhei um acto eleitoral, consciente de que o meu voto, como o de todos, é importante e faz a diferença. E no entanto, este ano, a desmotivação tomou conta de mim. Seria a crise, anunciada desde há anos, e que, de tão insidiosamente instilada no nosso espírito, nos deixa sem capacidade de reacção a todos os abusos que vimos sofrendo? Seria a falta de perspectivas de melhoria, a quebra da esperança? Seria o aumento dos preços de todos os bens e serviços que não posso deixar de utilizar, por vezes sem o entender cabalmente, como no caso da gasolina? Seria a visão confrangedora do meu recibo de vencimento deste mês? Bom, talvez fosse tudo isto junto. A verdade é que não me apetecia ir votar. Pela primeira vez, em trinta e três anos.
Mas o meu filho votava pela primeira vez. E queria fazê-lo, achava importante exercer o seu direito de escolha, de expressar a sua opinião. O problema esteve no Cartão de Cidadão. Por qualquer razão inexplicável, não tem lá inscrito o número de eleitor. Nas mesas de voto, nas Juntas de Freguesia, não há um descodificador que permita conhecer esse número. O sistema informático da Comissão Nacional de Eleições bloqueou, não dando resposta. E o sistema da mensagem por telemóvel? Bem, esse funcionou, embora com horas de atraso. O meu filho lá soube o seu número de eleitor cinquenta minutos antes das urnas fecharem!
Pela primeira vez, não me apeteceu ir votar! Fui, com o meu filho, a escassos minutos do fecho das mesas eleitorais! Não me apeteceu pensar nas eleições, nem nos candidatos, nem nos resultados. 


Em vez disso, fui fazer cupcakes. E acho que foi uma boa alternativa e uma forma mais proveitosa de aproveitar o dia das eleições.

Comentários

  1. E fizeste tu muito bem!
    E já agora bem podias colocar as receitas dessas pequenas delícias aqui no blog!!

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  2. Li que a abstenção nas eleições presidenciais de hoje poderá situar-se entre os 47% e os 54%, o que é absolutamente inacreditável.
    Como estou muito longe, só posso dizer que o nosso povo deve estar muito desiludido com a "porca da política portuguesa".

    Volto!

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  3. Pois a minha amiga fez uma excelente escolha:
    O meu voto vai para os:
    Cupcakes

    Beijinhos

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  4. E bem que eu provava esses cupcakes... Estão com um aspeto ótimo!
    Também acompanhámos a Sofia no seu primeiro ato eleitoral. Felizmente, não houve problemas com o C.C.
    Estão tão crescidos, os nossos filhotes...
    Espero que voltes a fazer essas delícias e que eu esteja por perto... (só quero falar de coisas agradáveis...)
    Bjs
    Romicas

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  5. Pois é a desmotivação anda a tomar conta de todos, a esperança essa então anda muito por baixo...vamos ter calma que o 2º período é longo, mas os teus bolitos parecem-me muito bem! quando decidires partilhar a receita está á vontade rsrsrrs.
    Beijinhos

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  6. Eu também estive com muito pouca paciência para eleições, candidatos, votos e resultados :(
    Acabei por ir, mas sem grande vontade!
    xx

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  7. Se aqui não fôssemos OBRIGADOS a exercer o "DIREITO" de voto, eu também faria o mesmo.Seria muiiiiiiiiito melhor! beijos,tudo de bom,chica

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  8. Ora bem, duas explicações:

    1 - Acabei por votar, realmente. Mas não me apetecia, nem mesmo pensar nisso. Só fui, porque acompanhei o meu filho, a poucos minutos do fecho das mesas eleitorais.

    2 - Os cupcakes são uma especialidade da minha filha, que fez uma pesquisa exaustiva em sites e blogs americanos e ingleses. Se a minha filha autorizar, prometo colocar aqui a receita.

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  9. Quando em parte da tarde, no que se refere a acessos ao portal do cidadão, e site da administração eleitoral do Ministério da Administração Interna, não foi possível aceder normalmente ao sistema informático de apoio ao Cartão do Cidadão.

    Acabamos por facilmente, ajudar as muitas pessoas que apareciam sem nº de eleitor!

    Nada que não se, pode-se resolver com uma lista impressa por ordem alfabética dos nomes dos eleitores da respectiva secção (e também em pdf para acesso via computador).

    Mas, a nossa mentalidade de deixar tudo a última da hora prevaleceu, mesmo quando o estado gasta milhares a informar-nos dos diversos métodos para saber nº de eleitor, que há mais de 15 dias estavam disponíveis...

    No entanto, é justo dizer, que importa reflectir sobre a informação impressa no cartão de cidadão, alguns pugnam pela privacidade em relação aos dados impressos, outros têm saudades dos imensos dados que estavam nos clássicos bilhetes de identidade... Há que achar um meio-termo!

    É minha opinião que no cartão de cidadão, a partir dos 18 anos devia estar também impresso o nº de eleitor e nome da freguesia onde se habita!
    Mas como muita coisa, na vida, há que melhorar/aperfeiçoar e actualizar o cartão do cidadão.

    E é talvez nestas alturas, que alguns reconhecem o trabalho de milhares de autarcas de Junta de Freguesia, por esse país fora!

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  10. Pedro
    Dou-te razão, pelo menos numa coisa: os problemas que surgem devem servir-nos para reflectir e perfeiçoar e não apenas para criticar.
    Bjs

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  11. Por aqui passou-se mais ou menos os mesmo, também foi a primeira vez que o filhote foi votar. Uma confusão desgraçada, até ele saber onde votava, num bairro que nem sabíamos que pertencia à freguesia... Mas votámos todos!

    Não fiz bolos nenhuns, fomos jantar/petiscar a casa da minha irmã, para uma eventual refrega nas votações, mas nem isso, embora fosse previsível!

    Beijocas!

    ps - claro que me lembro da outra "invasão" do liceu, pós 25A... (acho que até já falei nisso, vou ver se repesco!) ;)

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