Postal de Lisboa IV - Quartel do Carmo


Quartel do Carmo (foto de Fernando Ferreira)


Aproveitando a canonização de Frei Nuno de Santa Maria, que é como quem diz Nuno Álvares Pereira, o Quartel do Carmo festejou com redobrado fulgor esta semana que antecede o Dia da Guarda, e em que há sempre comemorações. Este ano, as comemorações integraram uma exposição especialmente dedicada a Nun’ Álvares e eu aproveitei o sábado para a visitar. Não conhecia o interior do Quartel do Carmo. Além das salas especificamente dedicadas à história da Guarda Nacional Republicana (ou das organizações militares que a antecederam, desde os quadrilheiros de D. Fernando), tem um núcleo muito interessante, dedicado ao 25 de Abril. Aí se podem conhecer os pormenores do golpe militar que nos devolveu a liberdade e a democracia, mas também alguns aspectos da vida e da personalidade de Salgueiro Maia. Caminhamos nos corredores onde esperaram os enviados dos revoltosos, visitamos a sala onde Marcelo Caetano entregou o poder ao General Spínola, vemos os livros trespassados pelas balas dos sitiantes. É um passeio pela nossa história recente.
Mas o mais fascinante é olhar para Lisboa, a partir do quartel. Situado num ponto alto e estratégico, cada janela é um novo bilhete postal, desvenda-nos uma perspectiva diferente. As janelas do lado ocidental abrem para o Convento do Carmo, cujas ruínas não costumamos ver daquela forma, já que estamos à altura das arcadas superiores. A cereja no topo do bolo é, no entanto, a grande varanda das traseiras do edifício. Ricamente ornamentada com azulejos azuis e brancos, tem uma vista panorâmica sobre toda a Baixa de Lisboa, abrangendo as colinas fronteiras, até ao rio. A cidade estende-se aos nossos pés, as casas brancas amontoam-se nas colinas, vêem-se os eléctricos e os barcos no Tejo. Vista daqui, mostra o que tem de mais belo. Apetece ser poeta!
(Fotografias de Fernando Ferreira)

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