A Princesinha

O Centro de Recursos da minha escola promoveu uma actividade interessante chamada “O Livro da Minha Infância”. Na altura, estava submersa em trabalho e não consegui participar, mas ficou um bichinho a roer-me a consciência…

Sempre fui uma leitora compulsiva, desde que aprendi a juntar as letras. Devorei todas as colecções da Enid Blyton, e chorei com as “Mulherzinhas” ou o “Urso Grischka”. Sempre me lembro de ter livros como companheiros, com os quais me embrenhava nas aventuras mais extraordinárias. Foi com os livros que aprendi nomes de lugares e de personagens históricos, fiz viagens extraordinárias, mas também reflecti e interiorizei conceitos e valores.

“A Princesinha”, escrito por Frances Burnett (na foto), foi um dos livros que acompanhou a minha infância. Na verdade, esta escritora inglesa, hoje completamente esquecida, foi a autora de alguns livros de grande sucesso entre as crianças da minha geração, como “O Jardim Secreto” e, principalmente, “O Pequeno Lorde”, depois adaptado ao cinema. “A Princesinha” conta a história de uma menina, Sara Crewe, filha de um oficial britânico em serviço na Índia e órfã de mãe, que é colocada pelo pai num luxuoso colégio para meninas, em Londres. É amimada e satisfazem-lhe todos os desejos até chegar a notícia da morte do pai e, com ela, a confirmação de que ninguém irá continuar a pagar os seus estudos. Sem mais família, Sara tem de continuar no colégio, mas agora como criada. Dão-lhe um quarto miserável na mansarda e quase todas as ex-colegas se comprazem em humilhá-la. Ela sente-se muito infeliz até que, um dia, sem ela perceber como, começam a surgir na sua mansarda pequenos pormenores de conforto. A sua vida vai começar a melhorar com a ajuda de um vizinho, que também tinha vivido na Índia. Acabará, adoptada por ele, por recuperar uma vida de bem-estar e os estudos, já noutro colégio.

Li este livro mais de dez vezes. Identificava-me com o sofrimento de Sara e com as suas pequenas vitórias. Com ela, aprendi duas coisas:

- Os bens materiais são voláteis, tão depressa os podemos ter como podem desaparecer. Por isso, mais importante do que o que temos, é aquilo que somos e que vivemos.

- A maioria dos que se dizem amigos gira à volta de quem lhes parece ser mais vantajoso, por qualquer razão. Por isso, os verdadeiros amigos são um bem escasso e precioso.

Quarenta anos depois, ainda continuo com as mesmas convicções!

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