O estado a que temos direito

No meu primeiro post neste blog, afirmei que só queria aqui falar de coisas positivas. Infelizmente, hoje tenho de infringir esta minha regra. No sábado passado, quando regressava a Lisboa, parei em Coimbra para lanchar com os miúdos. Quando voltávamos para o carro, surpresa: um vidro partido e o meu computador portátil, que estava no porta-bagagens, roubado! Qualquer pessoa que use um computador para o seu trabalho entenderá o meu desespero: tinha ali arquivadas muitas coisas pessoais e insubstituíveis, fotografias,  textos, relatórios, planificações, actas, etc, etc...
Começo a ficar farta de trabalhar para os amigos do alheio. No ano passado, foi a minha casa que foi assaltada, agora o carro, o computador! E sempre esta sensação de revolta perante a inoperância e a impunidade geral! 
Infelizmente, a impunidade grassa neste país, desde os assaltantes de bomba de gasolina até aos mais altos cargos da República. E um país em que a lei não é observada não é um estado de direito. Um país que dá mais garantias aos criminosos do que às vítimas não é um estado de direito. Um país em que a impunidade é a regra, não é um estado assente na lei, não é um estado de direito. E uma democracia que não assenta num estado de direito, não é uma democracia, é uma farsa!

Comentários

  1. Compreendo bem a tua indignação.
    Isto não é sequer um país.È apenas, como dizia o Eça, um sítio mal frequentado...

    ResponderEliminar
  2. Obrigada pela solidariedade. Não tem explicação a forma como nos sentimos, depois de um roubo: a perda, a impotência, a revolta... Agora há que andar para a frente e reconstituir o que for possível. Não tem sido fácil.

    ResponderEliminar
  3. Teresa: compreendo a sua frustração, que é legítima perante um assalto.
    Mas deixe-me dizer-lhe que, quanto a impunidade, não será bem assim. Essa é a ideia que uma certa "inteligentzia" nacional quer fazer passar, mas felizmente não é verdade.
    Sou juiz e por isso estou à vontade para falar. Todos os dias há centenas de processos, de inquéritos, de julgamentos - e não só, como também por aí se diz, de pilha-galinhas.
    Basta ir lendo os jornais.
    Tenho orgulho no que faço e - tal como a esmagadora maioria dos meus colegas - acho que faço bem.
    Se me disser que as leis são brandas, já concordo consigo; especialmente as leis processuais, que pecam por excesso de garantismo e permitem chicanas.
    Mas no mais, peço-lhe que tenha fé.
    Um abraço amigo.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

A Figueira da Foz e Jorge de Sena

Cigarros, chocolates e cigarros de chocolate

Sapos e outras superstições